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terça-feira, 20 de maio de 2014

Sobre a estranha mania feminina de esnobar quem gosta delas pra investir no cafajeste

Sobre a estranha mania feminina de  esnobar quem gosta delas pra investir no cafajeste

Eu disse a ela que era preciso se decidir, mas o que ela fez? Ignorou, claro. Teimosa, foi mais fácil entrar por um ouvido e sair pelo outro do que tentar compreender o que eu dizia. Que bom seria se toda vez que um amigo tivesse razão e desse um conselho uma besteira fosse evitada. Tendenciosamente propensa a fazer o que não devia, mas não havia como a impedir.

Sei lá o que se passa na cabeça da mulher que decide se aventurar com um cara mesmo consciente de que ele a irá fazer sofrer. Aliás, não sei por que as pessoas gostam tanto desse joguinho de sedução. É só por conta do primeiro beijo? É só pra bater no peito e dizer que conseguiu? Algumas histórias morrem pela metade só pelo desejo de se viver uma noite de ilusão em outros braços.
Mas tudo bem. Nada de pré-julgamentos. Cada um faz o que quer, mesmo que os amigos estejam ali para tentar abrir os olhos. No caso dela, dava pra ver onde tudo aquilo chegaria. Dava pra ver que o outro cara era um babaca e galinha que só queria ir pra cama com ela e pronto.
Seria somente isso. Ela ria quando eu tocava no assunto. Por vezes jogou na minha cara que não precisava que eu a dissesse o que fazer ou não. Aliás, ela afirmava que queria saber como era ser “só mais uma”, e que “iria usá-lo também”. Além do que, “seria ótimo viver uma aventura”. O outro? Ah, ela repetia que ele era um bobo e que ainda ficaria correndo atrás um bom tempo.  Eu falava que ela não sabia onde estava se metendo. Ela me garantia que sim.
É claro que não escolhemos de quem vamos gostar nem controlamos quem irá gostar de nós. O mais difícil é encontrar um querer recíproco. Não adiantaria eu argumentar com ela. Existia quem a quisesse, mas ela queria o outro, ainda que por um momento. Talvez, nessa hora, teria sido muito melhor se ela tivesse se decidido e aberto mão de um pra viver a “grande aventura” com o outro. Preferiu cozinhar o apaixonado e fazer um jogo de conquista com o outro. Seguiu o clichê de gostar-de-quem-não-gosta-da-gente, e deixou o que valia a pena em banho-maria, para mergulhar num mar de incertezas que dava sinais claros que seria uma péssima ideia.
E foi assim que, numa dessas noites em que tudo dá errado, ela encontrou o galinha nos braços de uma menina qualquer. Não que fosse uma novidade, mas mexeu com ela. Ela que insistia em dizer que estava o usando tanto quanto ele a estava usando, acabou voltando atrás. Ela não tinha tanto controle sob o jogo quanto achava. Como não poderia deixar de ser, lá pelas tantas da madrugada, acabou mandando uma mensagem pro outro por pura vontade de não dormir sozinha.
Popularmente conhecido como carência.
A resposta veio rápida. E longe de ser “boba”. Foi um “eu gosto de você, mas não sirvo de consolo”. E como se já não bastasse, se viu chorando  bêbada na porta da minha casa com as palavras “ninguém me quer” escorrendo pelo rosto e repetindo que tinha um cara tão bom correndo atrás dela, mas que tinha errado em querer o outro. Não, disse a ela, não tinha sido um erro. Ela só não decidiu o que queria de verdade. Nessa de querer ter tudo, acabou sem nada.
Eu nunca diria “bem feito”. Uma amizade não é pra isso. Mas mandei um “eu avisei” de praxe. E como bom amigo, emprestei meu ombro, enquanto me perguntava o porque as mulheres insistem tanto em tratar como prioridade quem lhes trata como opção.


By Gustavo Lacombe

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