O Professor Oswaldo Rodrigues do Instituto Paulista de
Sexualidade (www.inpasex.com.br) é um dos maiores especialistas do
Brasil e mundo sobre sexualidade humana. O PLÁ conversou com o Professor
Oswaldo sobre um tema que está dando o que falar, a bissexualidade feminina.
Plá – Há algum motivo para acreditar que a
bissexualidade feminina esteja aumentando no Brasil nos últimos anos?
OR - De maneira alguma. Os padrões de
homossexualidade e bissexualidade parecem estar mantidos em percentagens
semelhantes ao longo das décadas. Existe uma tolerância maior com a
bissexualidade feminina, tanto por parte de homens heterossexuais quanto
mulheres heterossexuais. O mesmo não ocorre com homens bissexuais que são
rechaçados tanto por homens quanto por mulheres heterossexuais. Com maior visibilidade
homossexual nas últimas décadas, mais mulheres puderam apresentar-se aos amigos
como bissexuais. Além de existirem mais mulheres homossexuais do que homens, o
mesmo se aplica a mulheres bissexuais. Isto faz com mais bissexuais mulheres
apareçam socialmente. Então a tolerância com a bissexualidade feminina é o que
permite maior expressão social. Esta possibilidade sempre foi percebida pelos
homens heterossexuais como algo desejável, o que facilitou a tolerância para
esta forma de diversidade sexual.
Plá - A bissexualidade feminina ocorre por
influência da mídia ou o contexto social?
OR - A mídia não influencia as expressões
sexuais, a mídia reflete o que ocorre. O contexto social de tolerância com a
bissexualidade feminina é o que facilita mulheres experimentarem o
relacionamento sexual com outras mulheres. Nem sempre a manutenção do
comportamento bissexual ocorre ao longo de décadas. Muitas vezes relaciona-se a
fases de experimentação, a exemplo da adolescência, ou algumas oportunidades ou
de percepção de necessidade de manutenção de algum relacionamento que interesse
a esta mulher em particular.
Plá - Qual seria o principal motivo para uma
mulher escolher a bissexualidade ao invés da homossexualidade?
OR - A bissexualidade permite a uma mulher
manter as outras funções e papéis designados às mulheres, a exemplo de
engravidarem, darem a luz e cuidarem de bebês. Torna-se mais fácil, socialmente
plausível e aceito, resolvidas as necessidades. Muitas vezes a mulher percebe
que a homossexualidade exclusiva torna-se conflitante para manter uma vida que
tenha escolhido, mas que com a bissexualidade poderá manter os vários projetos
de vida que pretende para o futuro. Existem teóricos que creem que a
bissexualidade seja o caminho biologicamente natural do ser humano.
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