RESUMO DA ÓPERA
(caso falte tempo ou der preguiça de ler tudo…)
BISSEXUAIS → Têm atração sexual tanto por pessoas do mesmo sexo
quanto por pessoas do sexo oposto.
PANSEXUAIS → Têm atração sexual por pessoas de
todos os sexos e de todos os gênerosPANGÊNEROS → Três possibilidades básicas:
a) gênero “duplo ou misto”, nesse caso identificando-se igualmente com os dois gêneros oficiais masculino e feminino;
b) sem gênero, nesse caso não se identificando com gênero algum ou evitando enquadrar-se em qualquer categoria existente ou que venha a ser criada;
c) gênero “global”, representando todos os outros gêneros a partir de agora incluídos em um só.
Durante milênios, e praticamente até o imenso caldeirão de
“novos experimentos sexuais” da década de sessenta, orientação sexual
permaneceu sendo um sistema binário, onde a pessoa ou era hetero ou era homo.
Antes disso, nos anos cinqüenta, Kinsey já havia demonstrado estatisticamente
que a preferência sexual das pessoas (em termos de grandes populações)
constitui uma extensa série de possibilidades entre esses dois pontos
absolutos. E, o mais importante de tudo, Kinsey também demonstrou que não é
possível tratar a orientação sexual como um questão fechada e definitiva, uma
vez que as pesquisas demonstravam que ela podia sofrer variações ao longo da
vida do indivíduo.
Na famosa escala de orientação sexual de Kinsey, a
bissexualidade encontrava-se no meio do caminho, entre os pontos extremos da
hetero e da homossexualidade absolutas, sendo descrita como um comportamento
onde a preferência sexual do indivíduo é dirigida indistintamente para qualquer
um dos sexos. Dessa maneira, bissexuais não precisam “escolher” entre homens e
mulheres para fazer amor pois eles originalmente “já preferem” os dois,
indistintamente.
A bissexualidade não resulta de nenhuma crise de
identidade ou dificuldade de escolha entre fazer amor com o sexo oposto ou com
o próprio sexo, embora as inúmeras crenças populares, totalmente sem
fundamento, afirmando que a bissexualidade é apenas um ponto de transição para
quem deseja assumir abertamente a homossexualidade ou que os bissexuais são
apenas heterossexuais momentaneamente confusos ou tentando chamar a atenção.
Contudo, ao escolher os dois sexos oficiais como objeto de
desejo, o bissexual estaria igualmente “elegendo” os dois gêneros “oficiais” –
masculino e feminino – umbilicalmente ligados a eles. Essa “desconsideração”
pelos “outros” sexos e “outros” gêneros tem tornado esse conceito objeto de
muita crítica recente. A principal delas é que, sendo aparentemente um conceito
que se pretende aberto e arejado é, na verdade, um conceito bastante fechado e
conservador, uma vez que não considera as ilimitadas possibilidades de escolhas
sexuais dos indivíduos.
Pansexualidade surge assim como um conceito muito mais
amplo do que bissexualidade. Os pansexuais (ou omni-sexuais, ou oni-sexuais) se
caracterizariam por terem atração sexual indistintamente por qualquer sexo
(sim, há mais do que dois!) e por qualquer gênero (sim, também há mais do que
dois!).
Da mesma maneira que pansexualidade tenta abranger, com
muito mais propriedade, o vasto e complexo espectro da sexualidade humana, está
surgindo um outro conceito, que pretende fazer a mesma coisa no campo do
gênero. Trata-se do conceito de pangeneridade.
Essa categoria de gênero surge a partir da constatação da
existência de pessoas que, por suas características comportamentais muito
peculiares não podem ser rotuladas a partir dos gêneros masculino, feminino ou
mesmo “transgênero”. Aliás, o conceito de trangênero acabou se transformando
num imenso “guarda-chuva” conceitual, ótimo para reunir tendências de todos os
naipes mas altamente ineficaz quando se trata de descrever características
específicas de um certo grupo de pessoas.
De uma maneira geral os “pangêneros” convivem muito bem
com o seu sexo anatômico, embora ostensivamente procurem apresentar (e
representar) características e papéis próprios do gênero do seu sexo oposto,
seja através dos modos e maneirismos, aparência, vestuário ou comportamento
normal do dia-a-dia
Da mesma forma, indivíduos pângeneros conseguem transitar alegremente
pelos dois gêneros oficiais (masculino e feminino), sem demonstrarem fortes
desejos de viver permanentemente de acordo com os padrões de um ou de outro.
Contudo, essa facilidade de movimentação entre os gêneros pode acabar lhes
trazendo problemas uma vez que, na prática (e considerando-se o atual estágio
da nossa civilização…), satisfação sexual continua profundamente vinculada a
gênero. Nesse caso, os pângeneros podem ser vistos pelo restante da sociedade
(e em geral são mesmo!!!) como perversos fetichistas que se valem da
“flexibilização” de gênero (no comportamento, no visual, etc) com objetivos
nítidos de gratificação sexual. Nessa hipótese, um homem (sexo = macho)
“pangênero” que se veste de mulher (gênero = feminino) o faz não por identidade
de gênero mas unicamente com o propósito de ser gratificado sexualmente como uma
mulher (sexo = fêmea).
By Leticia Lanz
0 comentários:
Postar um comentário