O personagem Capitão Theo da novela
“Salve Jorge” vai servir de modelo de um tipo de cafajeste que passa
despercebido aos olhos desatentos.
Ele começou a novela ao som de “Esse
cara sou eu”, até aí show de bola, cara boa pinta, dedicado e apaixonado pela mulher que
encontrou, a Morena. De quebra ainda adotou emocionalmente o filho dela e agiu
como um paizão, coisa linda de ver!
Na medida que a novela foi passando o
personagem teve uma metamorfose e se revelou um tipo de cafajeste que ninguém
percebe que existe porque é do tipo romântico, passional, tem bons valores, mas
com um detalhe: o cara é um baita confuso e isso causa um rastro de dor por
onde passa. (Quem acompanha a novela me avisa se tiver erros, pois só assisti
ontem, o resto foi tudo explicação que ouvi)
Segundo informações cedidas ele já
pegou todas as mulheres da novela, mas detalhe pegou e repegou, chorou e
repegou, brigou e repegou. A mulherada cai na lábia de bom moço toda vez que o
arrependimento vem a tona e ele se dá conta da besteira que fez.
Já pegou a Erica (Flávia Alessandra)
com ida-volta e gravidez, a amiga dela a Márcia (Fernanda Paes Leme), a Morena
(Nanda Costa) pré e pós-velório, pré e pós-Turquia com bonus de
gravidez e até a inimiga bandidona de todos, Lívia (Claudia Raia). Esqueci de
mais alguém?
Erica – Primeira temporada
Versão “Esse cara sou eu” com Morena
“Uma lasquinha da Marcia não tem problema,
só porque ela é melhor amiga da minha mulher?” – Theo
“Eu só fiz isso para provar que ela
não tem caráter” – Theo (Ahã, vai pegar a torcida do Flamengo e do Corinthians
falando isso)…
Erica na segunda temporada versão
aceito qualquer negócio
Quando a narrativa é contada só do
ponto de vista do personagem Theo parece uma história de amor reservada para
cada uma das suas eleitas. Mas ele tem uma justificativa muito coerente para ir
e vir com quem quiser. É exatamente assim que funciona a
cabeça do cafajeste, ele acredita piamente que está apaixonado ou
envolvido pela mulher que tem nos braços, o problema é que é uma viagem
amorosa que só ele curte e dura pouco. Bem pouco.
Logo que passa o tesão e ele
descarrega a vaidade sexual dele, seu tônus emocional volta a murchar e ele
precisa de uma nova trama emocional que o envolva como uma saga épica
hollywoodiana.
A sensação de ser disputado,
abandonado, resgatado e reivindicado pelas mulheres que vão passando pela sua
mão alimenta um ciclo de tesão – fantasia onipotente (disfarçada de amor) –
descarga – “paz” – aflição – novo tesão e assim vai pela eternidade.
As mulheres que passam pela mão do
cara também colaboram nessa trama, pois sabem que o cara está saindo de uma
história complicada (se é que saiu) e nunca param para se perguntar se são a
bola da vez: ele nunca se decide por nenhuma e quer todas, se possível.
Mas nessa hora uma mistura de tesão, pseudo-amor (quem pode amar em menos de 3
meses?), vaidade e carência criam a bomba emocional da cegueira sem fim.
Na hora que a peteca está na mão dela
é lindo e maravilhoso e as outras “lambisgóias” que querem o “seu” homem são
inimigas enquanto ela é a heroína. Mas vai chegar a vez dela ser deixada e
virar a lambisgóia que implora “amor” e terá que vê-lo tirando fotos no
Instagram com a outra, com a outra e com a outra… Até que finalmente a roleta
volta a rodar para o lado dela: “agora sim ele é meu”. Sim, por uma semana ou
duas até ele ficar “confuso”, chorar, bater cabeça e desaparecer.
“Sou confuso, por isso amo todas as
mulheres do mundo, buááá!!”
“Mas, Fred, ele parecia tão legal, bonzinho, meigo, diferente de todos
os caras…” Sim, esse é o truque que nem ele sabe direito que aplica, ou melhor,
sabe que funciona, mas sua carência o faz acreditar que no fundo está na busca
pela história de amor perfeita. Seria lindo se não bagunçasse a vida de meio
mundo.
Detalhe: mora com a mamãe naquela idade, mas ela cuida muito bem dele…
O fato dele não ter plena consciência do prejuízo que causa na vida das
mulheres é um atenuante? Como não estamos num tribunal de fato eu respondo: não
é um atenuante, pois o problema dele é exatamente não perceber e só
pensar em si mesmo. Seu egocentrismo travestido de bom moço é tão
convincente que muitas chegam a se acharem loucas por pensar mal do cara, mas é
por isso que ele é mal intencionado: o que importa é a vontade dele.
“Mas, Fred, ele se arrepende e vem chorar no meu colo!”. É verdade, e
daí? Dali a algum tempo ele vai chorar no colo da outra falando a mesma coisa e
assim todos os colos do Brasil ficarão molhados, primeiro de tesão e depois de
lágrimas de crocodilo do cafajeste-”bom coração”.
Quem olha de fora consegue perceber nitidamente como o cara age. Aposto
que tem muita noveleira que odeia o Theo, mas está caindo na lábia de um na
vida real.
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