REUTERS e AGENCIA ESTADO
NOVA YORK
– Um estudo psicológico recém-publicado afirmou que a bissexualidade feminina
não é uma fase de transição entre o heterossexualismo e o lesbianismo, mas sim
uma orientação sexual específica.
Pesquisadores estudaram 79
mulheres não-heterossexuais ao longo de uma década e observaram que as
bissexuais mantiveram-se com atração tanto por homens quanto por mulheres durante
todo o período.
“Esta é a
primeira pesquisa que realmente acompanhou mulheres
homossexuais por um período de tempo tão longo, e enterra de vez, acredito, a
idéia de que se trata de uma fase de transição”, disse a psicóloga Lisa
Diamond, da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, que conduziu o estudo
publicado na revista Developmental Psychology.
“Porque, se fosse, devia ter se resolvido num
período de dez anos. Em vez disso, observa-se que esses padrões de desejo
não-excludente são bastante estáveis. As mulheres podem mudar de
relacionamento, podem mudar o modo como se identificam, mas esse padrão básico
de desejo se mantém.”
Diamond entrevistou mulheres que tinham entre
18 e 25 anos quando o estudo começou, e que se autodenominavam lésbicas,
bissexuais ou inclassificáveis.
Ela observou que as bissexuais e as sem
classificação tenderam mais que as lésbicas a mudar de identidade sexual, mas a
mudança era entre bissexual e sem classificação, em vez de se estabelecer como
lésbica ou heterossexual.
“É incrível o quão persistentes são alguns
dos estereótipos negativos sobre a bissexualidade. Ainda existem até pesquisadores,
além de leigos, que não têm certeza de que ela exista, que a encaram como uma
fase de transição no caminho para o lesbianismo, ou que a vêem como nada mais
que algo que heterossexuais confusas afirmam sobre si mesas”, explicou Diamond
numa entrevista.
A pesquisa também afirma derrubar o
estereótipo de que as mulheres bissexuais são incapazes ou não querem se
comprometer a relacionamentos monogâmicos de longo prazo (de mais de um ano).
No décimo ano da pesquisa, 89 por cento das mulheres que se autodenominavam
bissexuais estavam envolvidas em relacionamentos monogâmicos de longo prazo,
assim como 85 por cento das que preferiram não adotar rótulos.
“Até agora era difícil refutar esses
estereótipos porque não havia dados suficientes. O que é ruim para a sociedade,
mas também é ruim em termos de assistentes sociais, terapeutas e pessoas que
têm contato com bissexuais. Eles precisam saber, por exemplo, que seria
inadequado dar conselhos como: ‘Sabe, você acha que é bissexual, mas
provavelmente não seja”‘, acrescentou Diamond.
(Reportagem de Stefanie Kranjec)
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