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segunda-feira, 22 de abril de 2013

As Mentiras Que Os Homens Contam

As Mentiras Que Os Homens Contam



Doa a quem doer, é uma realidade dada e reconhecida universalmente: todos os homens mentem, sem exceção. Mentiras de nível grave, médio ou brando, mas todos mentem. Mulheres que são alvos da mentira sempre reagem de forma indignada quando a descobrem – como se nunca tivessem sido autoras de alguma. Reagem como se fosse um ato sujo, repugnante e sem perdão. Talvez porque a honra e a invencibilidade não sejam valores superestimados no universo feminino. E também porque os motivos pelos quais os homens mentem são diferentes.
Como bom psicólogo, meu papel é tentar olhar para a mentira para além do julgamento moral e entender o que os homens tanto tentam ocultar com suas “versões da realidade”. Posso parecer advogado do diabo, mas são apenas os ossos do ofício. Entre idas e vindas no universo psicológico masculino, pude notar dois tipos de mentira. São elas:
Mentira por Ocultação
Nesse caso, existe uma porção da realidade que foi diminuída, mascarada ou dissolvida para que parecesse menos ruim. Era uma realidade que ele considerou pesada e indigesta para ser expressa num certo contexto. Provavelmente o homem queria ser percebido como menos tolo, desonesto, fraco ou vulnerável do que realmente foi. Esse é o resultado da cultura machista – amplamente alimentada em quase todas as esquinas – que tenta sustentar o homem como uma figura de poder invulnerável e oprime o próprio “imperador” com seu cetro quebrado.
Mentira por Acréscimo
Nesse caso, como as lendárias histórias de pescador que o seu tio insiste em contar, a realidade é mais pálida do que que a desejada. O homem se percebe insuficiente ou incapaz e imprime mais colorido os acontecimentos para projetar uma imagem idealizada de si. Uma pitadinha de imaginação, nesses casos, faz até história de bêbado acidentado virar enredo digno de Hollywood.
Em qualquer um dos dois casos, o receio é o mesmo: não ser aceito por aquilo que é ou faz. É o próprio homem que não consegue administrar o peso do contraste entre a realidade cheia de falibilidade e o ideal que projetou para si.
O problema é olhar a mentira sob a ótica da vítima, como se a única responsabilidade fosse do autor. Em qualquer conversa ou relacionamento, existe um jogo de forças ocultas que se move de um lado para o outro e, embora seja uma realidade dolorosa para aqueles que insistem em se vitimizar em toda e qualquer circunstância, a verdade é que o ouvinte também cria o contexto para a mentira. Existem pessoas bem frágeis para lidar com uma realidade dura, e outras que, pela rigidez e implacabilidade, oprimem de antemão as verdades alheias. Ao exigir verdades, muita gente está apenas evitando provar o gosto por vezes amargo da realidade.
Nem questiono a honestidade do conteúdo transmitido, mas até que ponto as mulheres gostariam de ouvir de seus parceiros que eles possivelmente conciliam transas fugazes – que servem como autoafirmação – com amor e tesão por suas parceiras? Homens e mulheres teriam dificuldade de encarar as coisas da forma como elas realmente se mostram.
Como seres humanos repletos de vaidade, somos contraditórios, inconstantes, instáveis, volúveis e confusos. Condenamos a mentira com muita frequência, mesmo sabendo da incoerência existente entre o que somos, fazemos e falamos. Será que, no retrato final que as pessoas guardarão sobre nós, deixaríamos que cada marca, ruga ou imperfeição moral fosse registrada para a posteridade?
Deixo a reflexão com vocês.

By Frederico Matos

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