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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Uma Crítica Ao “Manual Lésbico Para Chupar Xoxota” Da VICE.

Critica manual pra chupar xoxota vice

Estava eu na minha casa, bela e contente, lendo meu feed de notícias, quando me deparei com um post muito curioso publicado na VICE. O título? “Guia Lésbico Para Chupar Xoxota”. Pensei comigo mesma: poxa, que bacana, vamos ver se algo condiz com o nosso já tão conhecido post de Prova Oral.
No fim, fiquei de boca aberta, pois a autora se afirma lésbica e entendedora do assunto; mas tudo que consegui imaginar, foi um machista punheteiro do outro lado da tela redigindo o conteúdo.
Pra que vocês compreendam melhor o meu sentimento, vou reproduzir o texto na íntegra logo abaixo, adicionando meus comentários em negrito. Depois quero as opiniões de vocês nos comentários (aqui no site e no Facebook).
Vamos lá?
 “GUIA LÉSBICO PARA CHUPAR XOXOTA”, por Kelly McClure, na VICE.
Sabia que o Guia VICE para Chupar Xoxota ainda é um dos artigos mais acessados do VICE.com? Foi pensando nisso, e no fato de – a não ser que você tenha cinco anos, seja uma hétero pouco aventureira ou uma pessoa superchata e careta – você provavelmente já ter caido de boca numa vagina e querer fazer isso cada vez melhor no decorrer da sua vida, achei que já era hora de lançar um novo guia, desta vez feito por alguém que tem uma xoxota e também é amiga (sexualmente falando) de xoxotas. (Até aqui maravilha, tudo bem!)
Enquanto escrevia esse lance acima sobre pessoas que jamais colocaram suas línguas em uma vagina, tive que parar e pensar que tipo de criatura entra na categoria “não obrigada, nada de vagina pra mim”. Fiquei pensado nisso um tempão, como se estivesse tentando resolver um problema de matemática muito difícil, porque depois de chupar xoxotas por VINTE E UM anos, não consigo imaginar a vida sem isso. É um dos meus principais grupos alimentares. (Claro, porque você obviamente é uma mulher cisgênero lésbica binária, que não conhece a existência de outras orientações e identificações, como gay, trans, travesti, queer, etc. Todo mundo tem que gostar de vagina no seu mundo de fantasias.) (E outra: grupos alimentares???? Querida, 300 a.C. ligou e pediu seu machismo arcaico de volta. Se você se considera um alimento, um pedaço de bife suculento, então fale apenas por você. Minha vagina não é grupo alimentar de ninguém.)
Ah, sim, sou ultralésbica. (Porque existem níveis de lesbianismo. Inclusive, a gente faz um teste vocacional pra coisa) Talvez você não tivesse percebido isso. O fato número um sobre as sapatas é que, a menos que você seja uma otária, a gente manja muito de capô de fusca. (Não, querida. Infelizmente, nem toda lésbica manja muito de “capô de fusca”. Na real, muitas mulheres em geral não manjam muito do assunto, pelo simples fato de que vivemos numa sociedade patriarcal que reprime a sexualidade feminina desde a infância; e muitas delas acabam não conhecendo tão bem seus corpos) Mas como tudo na vida, entusiasmo nem sempre quer dizer habilidade. Você pode amar uma coisa (xoxota, por exemplo) e continuar sendo muito ruim nisso (chupar xoxota, por exemplo). No mundo das lésbicas há duas coisas no escalão de suprema dificuldade 1) Cintas-caralha (Ela cita aqui, mas nunca mais volta no assunto) 2) Chupar a região íntima de alguém de um jeito muito incrível. E esse post vai se concentrar nessa segunda opção, e esperamos que seja útil para lésbicas, futuras lésbicas, caras héteros etc.

1) É Você Quem Manda

Quando vi pela primeira vez uma vagina pelada, fora a minha própria, achei que ia pirar. A vagina não é uma coisa lá muito bonita (Fale por você) e tem muita coisa rolando ali. Me vi sacrificando uma grande porção de conforto pessoal e mental (ex: dor no pescoço, quase cair no sono, se matar e quase chorar porque alguém demora uma eternidade pra gozar) pra me tornar mestre no assunto (Uuuhhh… mestre). Descobri com a prática e o tempo que se você entrar numa situação oral pensando “SE ELA NÃO GOZAR SOU UM FRACASSO”, aí que ela não vai gozar mesmo e você vai acabar tendo uma experiência muito sofrida, e fazendo várias caretas enquanto estiver lá embaixo. Pressão é a pior coisa e sempre afasta os orgasmos. Imagine um pastor de ovelhas tentando pastorar ficando lá parado no meio do campo chorando e desejando com todas as forças que a ovelha vá até ele. Ficar muito tensa pra tentar fazer a pessoa gozar só espanta as ovelhinhas que você quer trazer pra perto. O mais importante é chegar lá com um pensamento geral do tipo: “Vou enfiar minha cara nessa vagina porque quero e porque já vi o episódio dessa semana de Mad Men (Queria fazer um comentário sobre a escolha da série para o exemplo, mas acho que a piada tá pronta #machismos #heteronormatividades #binaridades). Não ligo a mínima se ela gozar ou não”. Aí ela vai gozar. Te prometo. (Sim, porque, mais uma vez, nesse mundo patriarcal em que vivemos, foda-se o prazer da mulher. Nesse momento, você é a figura masculina/ativa e só a sua satisfação importa.)

2) Não Faça Nenhuma Esquisitice. Não Tente Nenhum “Truque”.

A pior coisa é quando alguém entra numas de “vou te deixar completamente louca agora” e aí enterra a cara no meio das suas pernas e começa a zoar com seus pelos pubianos. Minhas histórias de sexo mais compartilhadas começam com “essa pessoa fez a coisa mais engraçada com a minha vagina”. Não faça coisas engraçadas com a vagina alheia. Não tente nenhum “movimento”. Seja cuidadosa e calma. (Depois ela vai falar sobre dedos e vamos ver como ela é calma) Eu diria que, até você conseguir perceber pelos gemidos e murmúrios do que a pessoa gosta mais (o que eu espero que você consiga, porque ela pode ser uma dessas garotas que não emitem nenhum ruído, o que é um saco), comece deixando sua língua do jeito mais amplo e macio possível, achate-a (What???) sobre a xoxota e aí prossiga com voltas lentas e constantes, como se você estivesse tomando o melhor sorvete de casquinha do mundo. Faça isso bem devagar, mas beeeeeeeeeeeeeeeem devagar mesmo, enquanto abraça as coxas da moça. Espere até ela começar a se contorcer e então mate esse clitóris como se fosse uma aranha na banheira. Se você estiver fazendo alguma doideira lá embaixo e ouvir “vem aqui que eu quero te beijar” significa que você estragou tudo. Nem tente insistir ou voltar lá pra baixo logo depois pra tentar “ganhar”. Você perdeu o jogo, mas pense no que você fez de errado depois que a garota for embora e tente de novo numa próxima oportunidade. Todo mundo precisa treinar, e não tem nada de errado em perguntar pra pessoa do que ela gosta.

3) Camadas

Vaginas são superinstáveis. A melhor maneira de explicar o que está passando pela minha cabeça é comparar as vaginas com alguém que está com uma puta larica, e que quer todos os petiscos ao mesmo tempo. Vamos dizer que você só consegue pensar em Doritos. Você quer TANTO Doritos que está quase chorando por causa disso. Aí finalmente você vai até o supermercado da esquina e compra o Doritos, mas quando você chega em casa, abre a sacola e percebe que você também precisa muito de chocolate. As vaginas são assim. Há uma dor, uma necessidade, um “buraco pra preencher” (Piadinha inteligente, a gente vê por aqui. A menos que você seja uma lésbica que não curte penetração. Aí não tem tanta graça assim), mas você precisa jogar muita coisa nesse buraco pra que ele fique satisfeito. Você já assistiu Vermes Malditos com o Kevin Bacon? Pense no vermão do filme, com todos aqueles dentes bizarros, como a vagina com a qual você tem que batalhar, você tem que jogar um monte de terra lá, tem que fazer o que for preciso pra fechar o buraco. (Sim. Não é uma mulher. É um buraco. Um buraco que você precisa preencher. É sua obrigação preencher esse buraco custe o custar. Porque buracos – que não são considerados mulheres – foram criados para serem preenchidos)
Isso na verdade é uma fórmula fácil, mas não use muito como uma fórmula. Basicamente, o truque pra criar um bolo bem legal e cheio de camadas de sexo oral é começar com as voltas lentas e ritmadas mencionadas anteriormente e então fazer um pouco de ataque ao clitóris (concentre a ponta da língua no clitóris e empurre-o pra frente e pra trás como se você estivesse tentando equilibrar um M&M em suas laterais) (Whaaaat????) (Gente, tô há horas sentada aqui tentando reproduzir isso na minha imaginação, mas não tô conseguindo, me ajuda) e aí desacelerar de novo. Quando você passar do ataque ao clitóris pra desaceleração, a garota provavelmente vai fazer um barulho tipo “não para”, aí você vai meter três dedos na vagina dela até a metade, (Meter 3 fucking dedos de uma vez só. TUM (!!). Porque toda mulh..ops, desculpa… porque todo buraco está acostumado a receber três dedos assim de uma vez, simplesmente, afinal, buracos não tem opinião, muito menos podem, de repente, apenas de repente, querer só 1 dedo, ou nenhum) (Senti a dor daqui) dobrá-los na sua direção segurando as pontas na borda do ossinho da xoxota enquanto continua com os movimentos circulares. Sei que deve ter um termo médico pra ossinho da xoxota, mas não sei qual é. Se você quiser colocar sua outra mão pra trabalhar, pegue a palma e pressione a parte de baixo do estômago/parte de cima do osso pélvico enquanto faz todas as outras coisas ao mesmo tempo. Não sei o que isso faz exatamente, mas a mulherada adora.
Espero que tenha ajudado. Ah, e se você tiver que lembrar só de UMA coisa, lembre-se de que soprar dentro numa vagina é uma péssima ideia. (Enfiar 3 dedos de uma vez pode. Assoprar pode não)

By Bianka Carbonieri

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