Você sabe o que pensa uma mulher atrás do saco
de biscoitos?
Arrisco dizer que sei. Afinal, sou
mulher e como mulher, já me apoiei em algumas bengalas ao longo de minha vida.
O saco de biscoitos é exatamente isso, uma bengala, e das mais saborosas.
O saco de
biscoitos poderia ser também uma caixa de bombons, suspiros, bolos, pães
variados...
Funciona como a bebida para alguns homens.
Funciona como a bebida para alguns homens.
Algo não vai bem e estamos infelizes.
Buscar a compensação é humano e aceitável e funciona como uma válvula de
escape, livrando-nos da pressão extrema. Mas para que esse apoio emergencial
não se torne algo negativo em nossa vida, vai depender de nossa força de
vontade e o desejo sincero de encarar nossa vida de frente. Não está boa?
Então, algo deve ser mudado.
Como disse acima, não estou falando de
pequenas frustrações, plenamente normais em nossa vida. Nem sempre temos tudo
que queremos e somos obrigados a retroceder em nossa caminhada em busca de
maior apoio ou melhor momento para concretizarmos nossos sonhos.
Falo sim, daquele momento em que já
temos certeza que mudar é preciso. Emprego, casa, cidade, Pais, amor...
Esse momento, que antecede mudanças
necessárias é normalmente doloroso e pode durar pouco tempo ou vários anos,
dependendo de como você encara a situação.
Anos atrás, assisti a uma entrevista
com uma mulher que pesava na época 155 quilos. Tinha um lindo rosto expressivo
e sua tristeza saltava de seus olhos verdes.
Contou que por mais que buscasse em seu
íntimo, não conseguia lembrar-se do momento exato em que tudo começara. Faziam
mais ou menos dez anos que seus setenta e cinco quilos se tornara aquele peso
todo que a fazia sofrer.
Estava em um programa para
emagrecimento e tinha muita esperança de conseguir. Na verdade aquele processo
tivera começo ao separar-se de seu marido. Contou que ficava horas sentada em
frente à janela e consumia sacos e sacos de biscoitos recheados.
Era bom e doce ficar ali, evitando
pensar que a noite iria chegar. Um biscoito, outro... que mal poderia haver?
Irritava-se com os familiares e os amigos. Em lugar de entender e apóia-la só
faziam criticar. Não percebiam o quanto estava sofrendo? Então porque dizer que
ela deveria sair mais? Passear? Caminhar? Ver gente, trabalhar, fazer algo de
útil?
Insensíveis! Incapazes de entender seu
sofrimento. Afinal, perdera o marido para outra mulher, estava sozinha e muito
triste. Lógico que ela iria reagir, era uma reação normal estar infeliz, na
semana seguinte iria sair do quarto e assumir sua vida! Na semana seguinte...
Dez anos de vida desperdiçados... E
hoje, ela estava consciente do que fizera e do caminho que teria que percorrer
até ficar realmente bem...
Nunca mais soube nada sobre essa moça,
mas não duvido que tenha conseguido. Quando a vi na televisão, sabia que ela já
estava a caminho, já abandonara o saco (apoio) de biscoitos.
Costumo dizer em meus cursos e
palestras às mulheres presentes, que só pelo fato delas estarem alí significa
que já trilharam mais da metade do caminho para o resgate do prazer e da
alegria de viver. Porque nenhuma mulher ainda dentro do processo, tem coragem
para buscar auxilio. Terá que sair antes.
E é antes, bem antes, ao perceber que
algo não vai bem que realmente é preciso tomar uma atitude.
Não desperdice seus dias sofrendo.
Mudanças? Encare-as de frente. Toda mudança é benéfica porque se é preciso é
porque a situação que a antecedeu não estava boa. Pior, bem pior do que
perdermos a presença de uma pessoa amada e que não nos ama mais, é perdermos a
nós mesmos!
Vamos combinar uma coisa? Vamos dar o
real valor ao nosso saco de biscoitos? Entender o prazer que ele pode nos dar e
tudo o que não pode? E partir com garra e coragem em busca de nosso ideal. Só
assim seremos felizes. Não tenham dúvida!
By Regina Racco
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