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segunda-feira, 22 de abril de 2013

BISSEXUAIS, PANSEXUAIS E PANGÊNEROS


RESUMO DA ÓPERA
(caso falte tempo ou der preguiça de ler tudo…)


BISSEXUAIS → Têm atração sexual tanto por pessoas do mesmo sexo quanto por pessoas do sexo oposto.
PANSEXUAIS → Têm atração sexual por pessoas de todos os sexos e de todos os gêneros
PANGÊNEROS →
 Três possibilidades básicas:
a) gênero “duplo ou misto”
, nesse caso identificando-se igualmente com os dois gêneros oficiais masculino e feminino;
b) sem gênero
, nesse caso não se identificando com gênero algum ou evitando enquadrar-se em qualquer categoria existente ou que venha a ser criada;
c) gênero “global”
, representando todos os outros gêneros a partir de agora incluídos em um só.



Observação: é muito importante lembrar, na leitura abaixo, que sexo refere-se à anatomia do indivíduo – homem, mulher, hermafrodita, nulo – enquanto o de gênero refere-se tanto aos papéis socioculturais, historicamente atribuídos a cada um dos sexos bem como à identidade psicossocial de cada indivíduo no exercício desses papéis.
Durante milênios, e praticamente até o imenso caldeirão de “novos experimentos sexuais” da década de sessenta, orientação sexual permaneceu sendo um sistema binário, onde a pessoa ou era hetero ou era homo. Antes disso, nos anos cinqüenta, Kinsey já havia demonstrado estatisticamente que a preferência sexual das pessoas (em termos de grandes populações) constitui uma extensa série de possibilidades entre esses dois pontos absolutos. E, o mais importante de tudo, Kinsey também demonstrou que não é possível tratar a orientação sexual como um questão fechada e definitiva, uma vez que as pesquisas demonstravam que ela podia sofrer variações ao longo da vida do indivíduo.
Na famosa escala de orientação sexual de Kinsey, a bissexualidade encontrava-se no meio do caminho, entre os pontos extremos da hetero e da homossexualidade absolutas, sendo descrita como um comportamento onde a preferência sexual do indivíduo é dirigida indistintamente para qualquer um dos sexos. Dessa maneira, bissexuais não precisam “escolher” entre homens e mulheres para fazer amor pois eles originalmente “já preferem” os dois, indistintamente.
A bissexualidade não resulta de nenhuma crise de identidade ou dificuldade de escolha entre fazer amor com o sexo oposto ou com o próprio sexo, embora as inúmeras crenças populares, totalmente sem fundamento, afirmando que a bissexualidade é apenas um ponto de transição para quem deseja assumir abertamente a homossexualidade ou que os bissexuais são apenas heterossexuais momentaneamente confusos ou tentando chamar a atenção.
Contudo, ao escolher os dois sexos oficiais como objeto de desejo, o bissexual estaria igualmente “elegendo” os dois gêneros “oficiais” – masculino e feminino – umbilicalmente ligados a eles. Essa “desconsideração” pelos “outros” sexos e “outros” gêneros tem tornado esse conceito objeto de muita crítica recente. A principal delas é que, sendo aparentemente um conceito que se pretende aberto e arejado é, na verdade, um conceito bastante fechado e conservador, uma vez que não considera as ilimitadas possibilidades de escolhas sexuais dos indivíduos.
Pansexualidade surge assim como um conceito muito mais amplo do que bissexualidade. Os pansexuais (ou omni-sexuais, ou oni-sexuais) se caracterizariam por terem atração sexual indistintamente por qualquer sexo (sim, há mais do que dois!) e por qualquer gênero (sim, também há mais do que dois!).
Da mesma maneira que pansexualidade tenta abranger, com muito mais propriedade, o vasto e complexo espectro da sexualidade humana, está surgindo um outro conceito, que pretende fazer a mesma coisa no campo do gênero. Trata-se do conceito de pangeneridade.
Essa categoria de gênero surge a partir da constatação da existência de pessoas que, por suas características comportamentais muito peculiares não podem ser rotuladas a partir dos gêneros masculino, feminino ou mesmo “transgênero”. Aliás, o conceito de trangênero acabou se transformando num imenso “guarda-chuva” conceitual, ótimo para reunir tendências de todos os naipes mas altamente ineficaz quando se trata de descrever características específicas de um certo grupo de pessoas.
De uma maneira geral os “pangêneros” convivem muito bem com o seu sexo anatômico, embora ostensivamente procurem apresentar (e representar) características e papéis próprios do gênero do seu sexo oposto, seja através dos modos e maneirismos, aparência, vestuário ou comportamento normal do dia-a-dia
Da mesma forma, indivíduos pângeneros conseguem transitar alegremente pelos dois gêneros oficiais (masculino e feminino), sem demonstrarem fortes desejos de viver permanentemente de acordo com os padrões de um ou de outro. Contudo, essa facilidade de movimentação entre os gêneros pode acabar lhes trazendo problemas uma vez que, na prática (e considerando-se o atual estágio da nossa civilização…), satisfação sexual continua profundamente vinculada a gênero. Nesse caso, os pângeneros podem ser vistos pelo restante da sociedade (e em geral são mesmo!!!) como perversos fetichistas que se valem da “flexibilização” de gênero (no comportamento, no visual, etc) com objetivos nítidos de gratificação sexual. Nessa hipótese, um homem (sexo = macho) “pangênero” que se veste de mulher (gênero = feminino) o faz não por identidade de gênero mas unicamente com o propósito de ser gratificado sexualmente como uma mulher (sexo = fêmea).


By Leticia Lanz

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